Explorando o Fandom: Universo "O Morro dos Ventos Uivantes"

Há cerca de 4 anos, tive o prazer de ler um clássico da literatura inglesa que sempre despertou minha curiosidade. "O Morro dos Ventos Uivantes" de Emily Brontë, é um livro com personagens marcantes e únicos, que caminham em uma linha tênue entre opostos extremos como amor e ódio, sensatez e insanidade, real e utópico (uau, falei bonito hein).
E ainda que seja uma história cheia de vertentes as quais merecem ser debatidas e comentadas, não pretendo postar hoje uma resenha sobre o livro ou coisa parecida. Muita gente já fez isso, muita gente já analisou cada aspecto da história (tem até interpretação segundo a teoria Freudiana), então, pelo menos por hora, não será meu objetivo.
De qualquer modo, fica aqui a minha sugestão de leitura pra você que nunca leu a obra. Eu que sou avessa a livros/filmes de romance gostei pela profundidade de tudo o que é retratado em "O Morro dos Ventos Uivantes", então, se nunca leu, dê uma chance ao livro.

O que eu vim fazer aqui é falar sobre o universo criado ao redor desse clássico. Não, não tem gente escrevendo fanfic (pelo menos não que eu saiba) ou visitando o parque temático "Granja dos Tordos" em Orlando na Flórida (o que é uma pena). Talvez seja até exagero usar a palavra "Fandom", porém os amantes da obra e tudo o que veio depois, refletem como as pessoas representaram sua fascinação de modos diferentes através dos anos. Tá, eu sei, não faz muito sentido, mas você vai entender do que eu estou falando.
Por exemplo, você sabia que o nome do saudoso ator Heath Ledger é uma referência ao Heathcliff, e que inclusive sua irmã se chama Katherine? É o poder de Brontë.


No cinema



Diversas foram as adaptações ao romance, e no cinema ele foi na maioria das vezes bem representado (leia-se "na maioria das vezes" porque eu só vi uma, então né, posso falar nada) mas é fato que a história sempre inspirou diretores e roteiristas através dos anos, e temos uma coleção incrível de longas. O Meu favorito (por razões óbvias) é o de 1992, estrelado pelo Ralph Fiennes (sim, Tio Voldemort de galã) e pela linda da Juliette Binoche. É extremamente fiel, bem representado e encantador.

                   
UPDATE: Aqui tinha o trailer do filme, mas por alguma razão não tem mais no YouTube.

Vale salientar também a mais famosa adaptação, feita em 1939, estrelada por Laurence Olivier e Merle Oberon, que pode não ter sido a primeira, mas foi a mais aceita entre os amantes de Brontë na época. Em seu trailer, lê-se "A melhor história de amor de nosso tempo -- ou qualquer tempo", mostrando que não é recente essa história de se apaixonar e ficar meio louco. Entenda: mesmo que em intensidades diferentes, você com certeza se identificará com algum personagem, talvez principalmente com seus defeitos, já que a coisa mais real e palpável na obra é a natureza humana, ambiciosa, egoísta e orgulhosa. Se hoje em dia é difícil admitir e aceitar essa ideia, imagine em 1900 e lá vai fumaça, com dois protagonistas que não são exatamente bons exemplos de pessoas bondosas e sãs. Tem mais filme/livro que fez isso? Tem. Ia levar a vida toda pra listar obras revolucionárias? Com certeza. A cada dia, hora, minuto, existem mais visionários que revolucionam o mundo das artes? Sim. Essa ideia de revolução por minuto me fez pensar em RPM e cantar mentalmente Olhar 43? Não... Claro que nã...Sim. Mas vamos prosseguir.
Veja abaixo o trailer da versão de 1939


                

Houve até uma adaptação feita pela mtv, onde a historia se passava nos tempos modernos com adolescentes em época de colegial e... Bem, deixa pra lá...


Na Música


Sim, foi feita uma ópera muito aclamada pela crítica, diversas peças e belíssimas apresentações de balé que retratam o romance. Mas existe também uma música bem conhecida que levou o mesmo nome da obra, cantada e composta por Kate Bush. Na canção vemos frases que fazem referências diretas ao livro, citando "sonhos ruins" e "temperamento forte", com um refrão poderoso onde temos uma Catherine com frio chamando seu amado Heathcliff.
Segue abaixo a versão feita pela incrível banda Angra (traduzida, porque manjar dos paranauê do inglês não é pra todos)

                   



Na Tela da TV (no meio deeesse povo... Não, pera)


Também tivemos duas adaptações brasileiras em forma de telenovela, uma em 1967, que recebeu o nome da obra original, e outra em 1973, que foi chamada de "Vendaval". Não consegui imagens comprovadas da novela (você pesquisa imagens no google e outras aparecem, e de repente você está vendo coisas estranhas e nem se lembra o que procurou, pra começo de conversa) mas até onde sei, a produção foi bem vista.
Uma série em dois episódios foi feita pela ITV, estrelada por Tom Hardy (aka Bane) em 2009.
Tudo bem que isso ta mais pra fan video do que pra trailer, mas foca na produção:

          




Por muitos anos a história foi lembrada, e ao ser citada na Saga Crepúsculo, aumentou o interesse da nova geração que procurou conhecer melhor a obra. Chegou a ser feita uma edição do livro onde vinha na capa escrito que era o livro favorito da Bella e do Edward. É a prova de que O Morro dos Ventos Uivantes é atemporal, um eterno clássico que encanta gerações e que permanecerá para sempre como uma tradicional e encantadora obra da literatura.
O estranho é pensar que Brontë não teve nem noção da difusão que sua criação teve, já que faleceu um ano após o lançamento.
Uma coisa que a humanidade pode se orgulhar é a sua capacidade de manter vivo o que é bom, independente do tempo. Acho que é nosso trabalho não deixar criações incríveis se perderem com o passar dos anos, e ao mergulharmos em universos e nos permitirmos conhecer e descobrir, estaremos verdadeiramente vivendo o passado, o presente e o futuro. E isso é uma dádiva, não?



E para terminar, deixo aqui uma passagem de O Morro dos Ventos Uivantes, fazendo a minha parte para repassar aos que não conhecem a obra. Vamos continuar expandindo a cultura mundial e mergulhando nessa infinidade de demonstrações da criatividade humana. (Quando eu quero eu também sei falar bonitinho :D).


Não sei como explicar, mas certamente que tu e todos têm a noção de que existe, ou deveria existir, um outro eu para além de nós próprios. Para que serviria eu ter sido criada, se apenas me resumisse a isto? Os meus grandes desgostos neste mundo, foram os desgostos de Heathcliff, e eu acompanhei e senti cada um deles desde o início; é ele que me mantém viva. Se tudo o mais perecesse e ele ficasse, eu continuaria, mesmo assim, a existir; e, se tudo o mais ficasse e ele fosse aniquilado, o universo se tornaria, para mim, uma vastidão desconhecida a que eu não teria a sensação de pertencer...




2 comentários

  1. OMG! Tem postagem nova aqui mesmo? É sério? Eu não estou sonhando? MENIIIINAAAAA AMEI! Eu tô tomando coragem para ler esse livro faz tempo, inclusive você me deu ele de presente <3 A questão é que vi uma das versões mais recentes do livro (com aquela atriz de Maze Runner) e me desanimou um pouco, porque eu fiquei tipo "mas é essa a história?" "eu queria que tivesse acontecido isso ou aquilo"... sabe como é né? Um beijo!

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    1. HAHAHA Sim, engraçado que não importa o quão abandonado esse blog esteja, você tá sempre aqui firme e forte <3 <3
      Eu ja ouvi algumas críticas ruins a esse filme, mas como não vi fica meio difícil de dizer. A história não tem tantos grandes acontecimentos, mas se mantém intensa do início ao fim. É ótimo, lê sim e quero ver sua resenha depois kkk
      Um abraço ;*

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