Review Liga da Justiça - Torre de Babel



Resolvi falar hoje sobre uma das minhas HQs favoritas da DC Comics, a chamada "Torre de Babel" da Liga da Justiça, que tem uma premissa muito interessante ao colocar o Batman sobre outra perspectiva.
Somos apresentados a um plano do engenhoso Ra's Al Ghull que consegue não apenas deixar todo o planeta Terra em um estado caótico, mas ao mesmo tempo neutraliza os poderes dos únicos heróis que poderiam impedi-lo. 
Nessa história, acompanhamos a formação da Liga composta por Superman, Mulher Maravilha, Caçador de Marte, Homem-Borracha, Aquaman, Lanterna Verde (Kyle Rayner), Flash (Wally West) e um Batman mais individualista e calculista do que estamos acostumados.




Editora: Eaglemoss Collections - Coleção de Graphic Novels (Volume 4)
Autores: Mark Waid e Dan Curtis Johnson
Desenhos: Howard Porter, Pablo Raimondi e Steve Scott
Cores: Pat Garrahy e Tom McCraw
Tradução e Adaptação: DVL/HC e Alexandre Callari
Preço: R$ 54,99
Reimpressão de: JLA 43-46 e JLA Secret Files 3 / Publicadas originalmente entre julho e dezembro de 2000.
Sinopse: Os arquivos secretos de Batman sobre a Liga da Justiça caíram nas mãos do seu mais antigo e mortal inimigo: Ra's Al Ghull! Agora Superman, Mulher Maravilha, Aquaman, Caçador de Marte, Lanterna Verde e Flash estão sendo levados a armadilhas especificamente projetadas para se opor às suas notáveis habilidades.
Compre aqui





A genialidade desta saga de Waid e Johnson é levantar a questão de quem poderia impedir os heróis mais poderosos do mundo caso estes resolvessem (por influência externa ou não) se voltar contra a humanidade. Batman sendo o único sem habilidades meta-humanas convivendo entre "deuses", teve de criar uma visão fria e analítica para descobrir os pontos fracos de seus colegas e aplicar contra eles mesmos caso seja necessário. Porém ao escolher fazer isso em segredo, não apenas as personagens mas também os leitores passam a ter uma concepção se isso fora de fato uma traição ou apenas precaução, levantando ainda um tópico bem interessante: e se o próprio Homem-Morcego se virasse contra os outros integrantes da Liga?

Que Bruce Wayne analisa todos os passos, isso já sabemos. Mas descobrimos que, caso seu conhecimento caia em mãos erradas as consequências serão catastróficas, e fica aberta a discussão se um homem deve ter tanto poder destrutivo em suas mãos.
Temos um Ra's Al Ghull cruel e brilhante, que, como sempre, mascara suas atrocidades como fins para um suposto "bem maior", recriando a "Torre de Babel" e fazendo que a humanidade não tenha mais uma língua escrita compreensível (futuramente nem falada), acarretando uma série de acidentes e ainda conflitos internacionais que poderiam resultar em guerras de escala global.
Além de deter o conhecimento que Batman adquiriu ao longo do tempo sobre os outros integrantes da Liga, ele ainda tem como carta na manga o ponto fraco do próprio Homem-Morcego, por conhecer a história de Bruce Wayne e saber a única coisa que realmente ainda o afeta.
Desse modo, Wayne que já é naturalmente individualista, precisa se afastar ainda mais de seus colegas para resolver seus próprios tormentos, o que resulta em um diálogo hilário entre ele e o Superman.

Tendo que lidar com os ataques arquitetados por Batman e executados por Ra's Al Ghull, temos uma Liga da Justiça frágil e vulnerável, precisando lidar com seus próprios pontos fracos, como por exemplo, um Aquaman alterado por uma toxina do medo (cortesia - nem tão cortesia assim - do Espantalho) que lhe deixa hidrofóbico. Ao mesmo tempo precisam correr contra o tempo para evitar o caos iminente, não apenas salvando os inocentes que se encontram em meio ao pandemônio, mas localizando a origem do problema e acabando com ele. 

Ao final da série, ainda há entre os heróis a dúvida se Batman estava certo ou não. Um Superman magoado, uma Mulher Maravilha desconfiada, um Flash tentando ser racional. A Liga da Justiça se encontra dividida em uma votação para deixar que o Homem-Morcego  permanecer no time ou se ele deve ser expulso pela suposta traição. Discute-se o lado de Batman, que tem argumentos racionais e convincentes quanto as suas razões, mas ao mesmo tempo existe o lado temeroso dos heróis, que percebem a eficácia dos planos do Homem-Morcego caso esse resolvesse atacá-los. 
Os últimos quadros da HQ se destacam por refletirem uma concreta relação entre Superman e Batman e não acabarem de modo clichê, com grandes batalhas ou momentos de descontração, mas uma tensão tão palpável que chega a tirar o fôlego do leitor, tendo como última fala um desfecho espetacular que seria fenomenal caso fosse em algum momento adaptado para as telonas.
Vale muito a pena conferir.






Nenhum comentário