Vale a pena conferir: Castlevania 2ª Temporada




Após uma longa espera a Netflix nos presenteou em 26 de Outubro de 2018 com a aguardada segunda temporada da série animada "Castlevania" de Adi Shankar. Seguindo uma primeira temporada que conseguiu com míseros 4 episódios tirar o fôlego dos fãs e ganhar muitas críticas positivas, o público aguardava ansiosamente o desenrolar da história dos três heróis na tarefa de destruir o poderoso Conde Drácula. Uma missão de fato difícil, mas talvez não tão difícil quanto a de conseguir igualar (ou superar) o sucesso da primeira temporada, dessa vez com o dobro de episódios.

Confira nosso review livre de spoilers.







A História

A Segunda temporada de "Castlevania" começa exatamente onde a primeira terminou, porém ao passo que temos o desenvolvimento dos planos de Alucard, Trevor e Sypha para derrotar Drácula, acompanhamos o que se sucedeu após a maldição que o Conde lançou por toda Valáquia e seus modos de continuar punindo toda a humanidade pela morte de sua esposa Lisa Tepes. 
Há em geral dois núcleos com objetivos diferentes que dividem tempo em cena: os heróis que se deslocam por vários locais atrás de técnicas para derrotar Drácula, e os "vilões" que permanecem na maior parte do tempo dentro do castelo do Vampiro arquitetando a continuidade da maldição.
Ainda sobra tempo para flashes de acontecimentos passados que complementam a história de maneiras diferentes.
Ação, aventura, humor, gore e Drama se mesclam com o passar dos episódios de 25 minutos que prendem o espectador do início ao fim.

Os Personagens que já conhecemos







Se nos primeiros quatro episódios da série tivemos uma breve introdução dos personagens principais, agora podemos ter um acompanhamento mais amplo de figuras mais profundas ao longo dos 8 capítulos da história. 

No Conde Drácula há, ao invés de somente fúria, emoções conflitantes que o distinguem, de certa forma, de vilões clichês que vemos em outras produções. Existe sim toda aquela tentativa de justificar seus atos cruéis, mas de nenhuma forma a série tenta retratá-lo como vítima ou anti-herói. Drácula é, entre tantas outras coisas, o vilão, o cara mau, a realeza dos vampiros. Essa "realeza" inclusive é bem explorada no seu relacionamento com seus subordinados e no modo em que eles devem de qualquer forma, satisfazer os desejos do Conde. Mas de todas as facetas de Vlad Tepes, a melhor é de fato a maneira que a série acompanha a "rotina" do vilão, ao invés de colocá-lo em evidência apenas em cenas de luta ou conflitos. Se você já se perguntou o que o vilão faz enquanto os mocinhos planejam o contra-ataque, Castlevania te mostra.

O último sobrevivente do famoso Clã de caçadores, Trevor Belmont, tem um papel muito importante nessa temporada, por deter informações cruciais para a derrota de Drácula, ainda que não saiba como usá-las a princípio. Ele permanece com sua personalidade grosseira e humor ácido, e protagoniza as cenas mais cômicas junto de seus parceiros de batalha. Ele é um guerreiro nato que não sabe ser delicado e muito menos gentil, mas não deixa a desejar na hora da luta, sendo a força bruta e a coragem necessárias em momentos de perigo. Não tem como não gostar dele, além de existir a oportunidade de nos aprofundarmos no seu passado e na sua relação com a família Belmont.

A oradora Sypha Belnades felizmente continuou sendo um destaque nos novos episódios, por possuir a habilidade de usar e controlar magia e ter um vasto conhecimento de grande utilidade nas batalhas. Mas ela interrompe o conflito iminente entre os parceiros por tentar ser sempre a voz da razão, quebrando aquela essencial disputa masculina com delicadeza, não se tornando menos relevante por conta disso. Ela por muitas vezes salva o dia ao fazer uso da sua erudição e racionalidade.

Adrian Tepes, o Alucard, teve um curto e injusto período de tempo na primeira temporada, deixando muita gente pedindo por mais de sua presença nos episódios seguintes. Felizmente, Castlevania nos deu isso. 
O personagem foi provavelmente o mais trabalhado nessa temporada, pois o vemos crescer ao longo do tempo, além de conhecermos mais da história de Lisa e Drácula do ponto de vista dele, e aprendermos mais sobre suas habilidades e conhecimento. É um dos personagens mais queridos dos fãs dos games, e é sim o mais surpreendente na história da segunda temporada. As cenas de ação mais épicas são protagonizadas por ele, além da cômica relação de amor e ódio entre Alucard e Trevor. Mas ainda com tantas vertentes, a melhor questão levantada pelo dhampir filho de Drácula, é sua luta interna entre seu lado humano e seu lado vampiro: o que considera certo (ensinado por sua mãe Lisa) e o que considera errado (a fúria de seu pai contra humanidade). Mesmo tendo essa noção de dualidade, a missão de matar o próprio pai é dolorosa e grandiosa pelo que Drácula representa para o mundo e para ele mesmo. É preciso de um monstro para derrotar outro.




Os novos personagens

As únicas criaturas presentes na primeira temporada de Castlevania além de Drácula e Alucard, são os demônios que fazem parte da horda de ataque do Conde. Porém, ao querer expandir seu poder de destruição pela Valáquia, Drácula conta com a presença de alguns generais vampiros que vêm de longínquas terras para ajudá-lo em seu plano de exterminar a humanidade. É aí que conhecemos outros sugadores de sangues, representados por diversas etnias e com personalidades distintas, como o impetuoso vampiro viking Godbrand, e a traiçoeira Carmilla. Esta demonstra desde sua primeira aparição a inteligência e facilidade de manipulação, tendo um papel de grande destaque no desenrolar da história.

Porém a principal novidade quando se refere a personagens novos são os dois generais humanos de Drácula: Isaac e Hector. Ambos trabalham como forjadores de monstros no castelo do Conde, e são escolhidos por conta de sua lealdade como os chefes por trás do planejamento dos ataques a Valáquia, o que é recebido com estranheza pelos outros vampiros servos de Vlad. Mesmo sendo humanos, e talvez por isso mesmo, sejam figuras mais intensas e complexas que têm suas histórias aprofundadas, não só com incríveis flashes do passado, mas com aspectos intrigantes das personalidades dos dois e de sua lealdade com o Lorde vampiro. 

Hector e Isaac

Sobre as Referências

A segunda temporada de Castlevania foi entre tantas outras coisas, uma enxurrada de referências. Existem referências ao próprio Vlad, o Empalador, por conta de algumas cenas de empalamento, além da presença de Carmilla, personagem também presente nos jogos de Castlevania e criada por Joseph Sheridan Le Fanu em 1872 (curiosamente serviu de inspiração para Bram Stoker na criação de Drácula).

Mas as maiores referências são de fato aos jogos: a produção da Netflix não só bebeu da fonte dos jogos originais, ela mergulhou neles com toda força. Se o intuito era agradar os fãs, a Netflix conseguiu facilmente. 

O personagem Hector por exemplo, é o protagonista do jogo "Castlevania - Curse of Darkness", lançado 16 anos após "Castlevania III - Dracula's Curse", jogo que serviu de enredo base para a série. Isaac por sua vez, é o vilão desse mesmo game.

A figura e presença de Alucard na segunda temporada foi totalmente inspirada em outro game: o aclamado "Castlevania - Symphony of the Night", não somente seu visual, mas também seus poderes, como a habilidade na luta de espada e o poder de se transformar em lobo (ainda quero ver ele de morcego e névoa, inclusive).

Há também a melhor referência (na minha humilde opinião) na casa da família de Trevor, quando avistamos ao fundo o quadro de Leon Belmont, o primeiro caçador e fundador do Clã Belmont, presente no game "Castlevania - Lamment of Innocence". Inclusive, se você assistiu a cena e não entendeu a referência, não deixe de conferir a nosso post sobre o início do Clã Belmont e sua rivalidade com Drácula, onde contamos a história de Leon Belmont, Drácula, Alucard e ainda comentamos sobre um reboot que a série de games ganhou em 2010.

Quadro de Leon Belmont em cena de "Castlevania"

Terceira temporada


A terceira temporada já foi oficialmente confirmada e inclusive, o elenco já se encontra em estúdio gravando a dublagem (que inclusive é ótima, tanto a original em inglês quanto a em português), porém, se a série quiser seguir a risca os games, será necessário dar um grande salto no tempo. Desse modo, não teremos os personagens centrais que são mortais, havendo uma grande possibilidade de vermos por exemplo, novas gerações de Belmonts. Em contrapartida, a terceira temporada pode acompanhar a história de "Curse of Darkness", se focando nos personagens emblemáticos Hector e Isaac.
Até o momento, permanecemos na dúvida até que mais seja divulgado.


Vale a pena assistir?

Ainda que eu seja mais do que suspeita para falar, já que passei uma grande parte da minha vida jogando os games de Castlevania e sempre fui fã da saga, não há como negar que a série é ÓTIMA. Ela tem a capacidade de agradar todos os gostos, seja nas cenas de ação milimetricamente produzidas, no humor negro, nos momentos sanguinolentos, na retratação de conflitos políticos e no drama presente por trás de cada personagem, além da belíssima qualidade no desenho e nas falas e diálogos geniais.
Mesmo pra quem não conhece os games vale muito a pena assistir, principalmente pelo fato de serem episódios rápidos e dinâmicos, que assistimos facilmente sem perceber o tempo. Ainda que tenha sido o dobro de episódios da primeira temporada, terminamos a última cena desejando que existisse mais para ser assistido. E felizmente haverá! 
Então eu garanto a todos: Vale muito a pena assistir!




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